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Quinta-feira, 2 Maio 2024
José Carvalho
José Carvalho é famalicense, nasceu em 1972, e exerce a profissão Controller de Gestão. Os seus passatempos preferidos são a jardinagem e caminhadas.

O que há nas entrelinhas do novo Estádio Municipal?

Não falar no assunto é deixar que outros decidam por nós, é compactuar com a falta de transparência, é impedir que os famalicenses decidam o que querem para a sua cidade.

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“O futebol é a coisa mais importante entre as coisas menos importantes”
Arrigo Sacchi

Debater o futuro do estádio municipal de Famalicão não é fácil, pois quando o tema é futebol, tendencialmente deixamos a razão de lado e entramos no campo das emoções.

Vou tentar limitar a análise desta crónica a elementos sobre os quais podemos ter algum distanciamento, independentemente da nossa paixão futebolística.

O valor que neste momento corre sobre o custo da obra é de €20.000.000 (vinte milhões de euros). Este é um valor equivalente a duas vezes o montante gasto nas obras do centro da cidade e que tanta tinta fez correr (e ainda hoje continua a ser tema de conversa e discussões).

Recorrendo ao exercício habitual de apurar o contributo de cada famalicense para esta empreitada, o resultado é de, aproximadamente, 150 euros (independentemente da sua idade ou condição). Para uns será muito, para outros será pouco, mas é o que é, e lá em casa isso dá 600 euros.

Ora o que se tem discutido sobre o assunto?

Nada. Ou alguma coisa, quando essa alguma coisa tende para zero.

Este é um assunto que merece um amplo debate. Gastos nas “Flores de Aço”, nos “Musaranhos”, nos “jantares da sustentabilidade” ou nas “viagens a Fátima”, embora dispendiosos, são trocos comparando com os valores para um novo estádio. E quando escrevo isso, não estou a desmerecer a importância destas questões. Pelo contrário, se nos incomoda a falta de transparência nestes gastos, mais preocupados devemos ficar quando discutimos a construção de um novo estádio.

Entremeando o silêncio sobre este assunto, o Sr. Presidente da Câmara foi adiantando algumas ideias sobre como vamos pagar a obra sem mexer no orçamento, ou como quem diz “sem gastar dinheiro”. E, sendo isso, em teoria, possível, na prática, só funciona se em troca dermos terrenos, capacidade de construção ou conceções mais ou menos permanente a promotores privados. Não há almoços grátis…

Conclusão, o milagre de fazer a obra sem dinheiro, será na prática: o pesadelo de transformar a zona desportiva da cidade numa “operação” urbanística, cujo único propósito é o de maximizar o lucro do “investidor”.  Por outro lado, a SAD que gere o clube, que mais não é que uma sociedade comercial que olha para tudo isto como um negócio, ficará com o usufruto exclusivo do renovado equipamento.

Ou dito de outra forma, isto é passar património público para mãos de privados.

Um apelo aos deputados e vereadores municipais: é urgente colocar este assunto na agenda. A próxima Assembleia Municipal e Reunião de Câmara serão a última oportunidade para colocarem questões sobre o assunto e, com isso, tentarmos saber um pouco mais sobre esta operação de “engenharia financeira”.

Deixo aqui algumas frases do Sr. Presidente da Câmara sobre o assunto:

“Temos aqui 44 mil metros quadrados [terrenos onde está edificado o estádio atual] e para o estádio é necessário cerca de metade. Temos de ver o que vamos fazer com a parte sobrante que também entrará na fórmula”.
Diário do Minho – 10 de abril de 2023

“O processo implica uma operação urbanística, incluindo, ‘porventura’, a revisão do PDM – Plano Diretor Municipal. Dos 44 mil metros quadrados que preenchem aquela zona, “metade será para a reconstrução do estádio”, sendo ‘necessário perceber o que fazer com o restante espaço’.”
Rádio Universitária do Minho – 10 de abril de 2023

Já em julho 2022, em registo vídeo, podemos ouvir:
“Nós estivemos a desenvolver, e ainda estamos, … metodologias próprias, por forma a atenuar o efeito do custo de um estádio nas finanças municipais. …
Quero saber, desde logo, as receitas que a Câmara Municipal vai ter por via do estádio. Por via dos terrenos que estão à volta, por via do que for.…
Não é por não falarmos nos assuntos que não estamos a trabalhar neles.”

A alienação de património municipal ou a sua subordinação a interesses privados é um custo diferido no tempo, que compromete a forma como construímos a cidade e o seu uso pelas próximas gerações. Não falar no assunto é deixar que outros decidam por nós, é compactuar com a falta de transparência, é impedir que os famalicenses decidam o que querem para a sua cidade.

 

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