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Segunda-feira, 6 Maio 2024
Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

Esqueci de me lembrar!

O Dia Mundial da Pessoa com a Doença de Alzheimer é celebrado anualmente a 21 de setembro. A doença é a forma mais comum de demência constituindo cerca de 50% a 70% dos casos.

3 min de leitura
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Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

Famalicão

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Quinta e sexta-feira, entre as 10h00 e as 20h00.

Quero abrir os olhos, mas não consigo.  Na verdade, não sei quando fui para a cama nem lembro de ter ido dormir. Não percebo a presença da Maria ao meu lado. Consegui abrir os olhos, mas de repente vejo que este não é o meu quarto.

Sinto que quero gritar. Onde é que eu estou, que lugar é este? Será que estou num hospital? Quero levantar as pernas, mas estão muito pesadas. De repente ouço uma voz carinhosa: “Já acordou?”

A pessoa que está comigo é carinhosa, mas continuo assustada. Quem é esta mulher? O que faz no meu quarto? Não tenho a menor ideia de como vim aqui parar.

“Hoje está um lindo dia! Vamos tomar o pequeno-almoço, Dona Mimi?”

Sinto-me tão confusa que não consigo dizer nenhuma frase. Tenho a certeza fui drogada. Não me lembro de nada. E porque que me chama de Mimi?

Junto todas as minhas forças para comunicar e pergunto: “Quem é você? Onde é que eu estou? Há quanto tempo estou aqui? Eu preciso falar com os meus pais. Eles devem estar preocupados comigo, não avisei que me ia embora. Por favor, tire-me daqui”.

Ela, com a sua voz carinhosa, pede para eu ficar calma.

Não consigo movimentar o meu corpo, que parece ter deixado de me obedecer. Sinto a minha cabeça a explodir. Realmente, devo estar muito doente.

“Dona Mimi, trago aqui o seu pequeno-almoço. Tem de comer alguma coisa porque ontem mal jantou”.

Ontem… Não me lembro de ontem. No máximo, lembro-me quando ia passear com os meus pais ou quando a minha mãe costurava os meus vestidos.

Porque não me lembro? Os meus pais, os meus irmãos… o que aconteceu com eles durante este tempo?

De repente, ela segura na minha mão e mostra-me um vídeo no qual apareço a falar: “Hoje estou aqui ao lado da minha neta Maria. Às vezes, eu acordo muito confusa, não me lembro de nada nem de ninguém. Mas isso é porque há alguns anos sofro de uma doença chamada Alzheimer. Ela faz-me esquecer coisas importantes como, por exemplo, as pessoas que amo.”

Enquanto estou a ver o vídeo, a Maria continua ao meu lado com o mesmo olhar carinhoso com que me olhou desde o momento que acordei. Mas nem tudo é mau nesta doença. Ela trouxe-me uma neta, um anjo para a minha vida e seu nome é Maria. Ela cuida de mim como se fosse minha mãe.

Segurou nas minhas mãos e olhou-me com muito carinho e disse: “Está mais calma, Mimi?”.

“Estou sim Maria, obrigada mais uma vez”.

“E então hoje o que vamos fazer?”, perguntou Maria.

Eu penso numa resposta… O que teria feito há 20 anos? De repente uma lembrança. “Podemos ir ver o mar?”, pergunto.

Pela gargalhada da Maria acho que já devia ter feito o mesmo pedido muitas vezes.

“Podemos sim, Mimi. O mar está à nossa espera”.

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Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.
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