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Segunda-feira, 6 Maio 2024
Vera Carvalho
Estudou Línguas e Literaturas Europeias. Mestre em Espanhol como Língua Segunda e Língua Estrangeira pela Universidade do Minho. Tem dois livros publicados: Eterno Inferno (2019) e Nostalgia Inquietante (2021). Também participou em antologias poéticas: Sentidos Despertos (2020) e A poesia dos dois lados do Atlântico (2021). Atualmente está a trabalhar como professora de inglês e espanhol.

Leitura de verão

É importante desligar (não esquecer!), por momentos, das nossas raízes para conseguir atingir outros voos e adquirir outras perspetivas da vida.

5 min de leitura
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Vera Carvalho
Estudou Línguas e Literaturas Europeias. Mestre em Espanhol como Língua Segunda e Língua Estrangeira pela Universidade do Minho. Tem dois livros publicados: Eterno Inferno (2019) e Nostalgia Inquietante (2021). Também participou em antologias poéticas: Sentidos Despertos (2020) e A poesia dos dois lados do Atlântico (2021). Atualmente está a trabalhar como professora de inglês e espanhol.

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Como habitual quando vou de férias, sempre encomendo antecipadamente alguns livros que me chamam a atenção ou que outrora me recomendaram. Este ano, como ia passar 15 dias de férias noutro lugar, pensei em quais e quantos livros poderia levar e que efetivamente os conseguisse ler.

Nem pensei duas vezes ao escolher a coletânea de poemas de Mário Benedetti. O problema foi escolher outro. Pela minha constante indecisão, eis que por alguma razão, decidi colocar na mochila o livro “Siddhartha” de Hermann Hesse.

Um livro talvez bastante visto pelas bibliotecas, livrarias e lojas, e já conhecido por ser Prémio Nobel de Literatura em 1946.

Ora, algo sempre me questiono quanto aos prémios de literatura… Que fatores decretam definitivamente para eleger uma obra e colocar este título pesado? Será que a sua mensagem ou história conta ou é mais tido em conta o próprio autor?

Não gosto disto, de atribuir prémios a obras literárias, de valorizar uma obra ou um autor do que a outro, valorizar mais uma história do que a outra…

Sou contra prémios como este, porque creio que na realidade todos já se tratam de um prémio e creio verdadeiramente que o livro que escrevemos (falo como escritora também), é um prémio para nós; pois já nos dá incontáveis vitórias espirituais, mentais e uma riqueza interior que ninguém nos tira, além de que o próprio livro que escrevemos, também acaba por reescrever os autores do mesmo; dá-nos uma nova essência e ensina-nos com a nossa própria história, com a nossa dor e alegria. Acabamos, inclusive, por resgatar partes de nós, entre as ténues linhas, vírgulas e pontos finais que vamos acrescentando à nossa história.

Isto tudo, para deixar uma reflexão sobre o tal segundo livro que tanto me deixou indecisa se o deveria trazer ou não, e ainda bem que acabei por o trazer! Começo mesmo a achar que as decisões de última hora são mesmo as melhores e que nos trazem experiências únicas.

Comecei por o ler, justo no penúltimo dia das férias. E em questão de 15 minutos, já estava na página 47 do mesmo, a acabar a primeira parte.

Uma reflexão interessante começou a surgir nos meus pensamentos…

Apesar de ter sido educada na religião católica e da minha família seguir essa doutrina, gosto de pensar fora da caixa e de ter as minhas próprias crenças e ideias.

Acho que o mundo, as religiões, acabam por nos formatar e a “obrigar” a seguir ideias e crenças, somente com o intuito de ser uma prancha que nos mantenha seguros no meio do oceano da vida. E muitos de nós agarram-se a isto com tamanha força, durante toda a sua vida, acabando por nem se conhecerem a si próprios.

Ora, com a leitura deste livro, considerei algo interessante sobre Siddhartha, que foi também educado no seio da sua família com determinadas crenças, depois disso, decidiu seguir um caminho diferente, ainda assim, considerando-se “vazio” e sem entender quem realmente era, decidiu ouvir a doutrina de Buda e apercebendo-se que mesmo assim era insuficiente tal sabedoria e palavras, chegou à conclusão de que todas as crenças e doutrinas a que se propunha eram insuficientes e de facto, não lhe dava a conhecer o verdadeiro Eu.

Às vezes para nos conhecermos precisamos de abandonar determinadas coisas: a família, os amigos, as crenças com a qual tivemos contacto, até aquilo que julgamos ser. É importante desligar (não esquecer!), por momentos, das nossas raízes para conseguir atingir outros voos e adquirir outras perspetivas da vida.

É importante saber estarmos a sós connosco, a pensar por nós próprios, a seguir aquilo que defendemos. Obviamente que teremos sempre a influência do mundo à nossa volta e daquilo que vivenciamos, mas vamos sempre a tempo de nos encontrarmos um pouco mais, dentro de nós mesmos.

Afinal somos tanta coisa que não dá para nos definir de uma só vez ou de seguir só uma determinada crença, ideologia ou religião. Somos um turbilhão constante e principalmente somos Mundo, ou seja, estamos em constante mudança, vivendo rodeados de coisas novas e a realidade nunca é a mesma todos os dias. Citando o livro “Siddhartha” de Hermann Hesse: “Quando alguém procura”, disse Siddhartha, “então acontece facilmente que os seus olhos vêem apenas aquilo que procura, e ele não consegue encontrar nada, não consegue aceitar nada porque pensa sempre apenas naquilo que procura, porque tem um objetivo, porque está obcecado com o seu objetivo.

Procurar significa: ter um objetivo. Mas encontrar significa: ser livre, estar aberto, não ter um objetivo”.

Cada vez estou mais certa de que não quero chegar a conclusão nenhuma, que só de ter as minhas interpretações do mundo, fico assustada, perdida e ainda com mais questionamentos que me atormentam. Não será o nosso inimigo, o nosso próprio pensamento? Talvez o segredo seja só mesmo aproveitar o momento em que nos perdemos, pois aí temos tudo: as dúvidas, as perguntas, a loucura, a ânsia e a sede por saber mais, a alegria de continuar à procura de algo, o saber de que estamos perto de algo que queremos e é isso que nos vai aquecendo e alimentando. Isso é bom. Isso é o que nos mantém a viver de facto. Agora, quando encontramos o que queremos, seremos realmente felizes depois? Ou a realidade cairá na rotina e no aborrecimento?

É só viver e o resto virá. Aproveitar a dor, a saudade, as partidas, o que perdemos ou o que não sabemos. É triste morrer com as incertezas de tudo, mas acredito veemente que é pior ainda viver com as certezas de tudo

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Estudou Línguas e Literaturas Europeias. Mestre em Espanhol como Língua Segunda e Língua Estrangeira pela Universidade do Minho. Tem dois livros publicados: Eterno Inferno (2019) e Nostalgia Inquietante (2021). Também participou em antologias poéticas: Sentidos Despertos (2020) e A poesia dos dois lados do Atlântico (2021). Atualmente está a trabalhar como professora de inglês e espanhol.
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