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Quarta-feira, 8 Maio 2024

Velhos são os trapos

Todos vamos envelhecer. É uma verdade!

6 min de leitura
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Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

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No dia 15 de junho comemorou-se o dia Mundial da Consciencialização da Violência contra a Pessoa Idosa. A data foi criada em 2006 pelas Nações Unidas e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa, tendo como objetivos refletir sobre a violência contra a pessoa idosa.

Numa sociedade cada vez mais envelhecida os idosos são esquecidos e sujeitos a maus-tratos físicos e psicológicos, quer pelas suas famílias, quer pelas instituições de acolhimento e pela sociedade em geral. Todos os anos se registam casos de abuso contra os idosos e muitos acontecem em silêncio, sem conhecimento público.

Segundo o relatório estatístico da Associação de Apoio à Vítima (2019) cerca de 28% das pessoas idosas vítimas de crime e de violência sinalizadas por aquela associação tinham entre 65 e 69 anos, maioritariamente mulheres. Por outro lado, a idade é um fator de vulnerabilidade uma vez que a percentagem de homens com 65 e mais anos vítimas de violência doméstica é superior à dos homens mais jovens.

Os agressores são predominantemente do sexo masculino e tinham idades compreendidas entre os 65 e os 74 anos. O domicílio é a principal ocorrência dos crimes. Há que evidenciar que apenas uma parte dos crimes são alvos de denúncia. Prevalecem os maus-tratos físicos e psicológicos, mas destacam-se os crimes de ofensas à integridade física, ameaça e coação.

A violência em contexto institucional (lares ou outras estruturas de apoio) é também uma realidade que muitas das vezes é difícil de rastrear. Segundo a Organização Mundial da saúde, 2 em cada 3 trabalhadores infligiram maus-tratos nos idosos a seu cargo. O tipo de violência pode ter várias formas: negligência, sobremedicação, desidratação, falta de higiene.

As consequências dos maus-tratos são devastadoras. Para além das sequelas psicológicas os idosos vítimas de maus-tratos têm maior probabilidade de morrerem mais cedo. Parar os abusos verbais, financeiros e corporais e promover a integração e o bem-estar do idoso são os desafios lançados a toda a nossa sociedade.

Que os escritos de Levi da Silva Barreto na Carta de um Pai ao Filho sejam fonte de inspiração.

CARTA DE UM PAI AO FILHO

Amado Filho,

O dia em que este velho já não for o mesmo, tenha paciência e me compreenda.

Quando eu derramar comida sobre minha camisa e esquecer como amarrar meus sapatos, tenha paciência comigo e se lembre das horas que passei te ensinando a fazer as mesmas coisas.

Se quando conversa comigo, repito e repito as mesmas palavras e sabes de sobra como termina, não me interrompas e me escute. Quando era pequeno, para que dormisse, tive que contar-lhe milhares de vezes a mesma estória até que fechasse os olhinhos.

Quando estivermos reunidos e, sem querer, fizer minhas necessidades, não fique com vergonha e compreenda que não tenho a culpo disto, pois já não as posso controlar. Pensa quantas vezes quando menino te ajudei e estive pacientemente a seu lado esperando que terminasse o que estava fazendo.

Não me reproves porque não queira tomar banho; não me chames a atenção por isto. Lembre-se dos momentos que te persegui e os mil pretextos que tive que inventar para tornar mais agradável o seu banho.

Quando me vejas inútil e ignorante na frente de todas as coisas tecnológicas que já não poderei entender, te suplico que me dê todo o tempo que seja necessário para não me machucar com o seu sorriso sarcástico.
Lembre-se que fui eu quem te ensinou tantas coisas.
Comer, se vestir e como enfrentar a vida tão bem com o faz, são produto de meu esforço e perseverança.

Quando em algum momento, enquanto conversamos, eu chegue a me esquecer do que estávamos falando, me dê todo o tempo que seja necessário até que eu me lembre, e se não posso fazê-lo não fique impaciente; talvez não fosse importante o que falava e a única coisa que queria era estar contigo e que me escutasse nesse momento.

Se alguma vez já não quero comer, não insistas. Sei quando posso e quando não devo.

Também compreenda que, com o tempo, já não tenho dentes para morder, nem gosto para sentir.

Quando minhas pernas falharem por estarem cansadas para andar, dá-me sua mão terna para me apoiar, como eu o fiz quando começou a caminhar com suas fracas perninhas.

Por último, quando algum dia me ouvir dizer que já não quero viver e só quero morrer, não te enfades. Algum dia entenderás que isto não tem a ver com seu carinho ou o quanto te amei.

Trate de compreender que já não vivo, senão que sobrevivo, e isto não é viver.

Sempre quis o melhor para você e preparei os caminhos que deve percorrer.

Então pense que com este passo que me adianto a dar, estarei construindo para você outra rota em outro tempo, porém sempre contigo.

Não se sinta triste, enojado ou impotente por me ver assim. Dá-me seu coração, compreenda-me e me apóie como o fiz quando começaste a viver.

Da mesma maneira que te acompanhei em seu caminho, te peço que me acompanhe para terminar o meu.
Dê-me amor e paciência, que te devolverei gratidão e sorrisos com o imenso amor que tenho por você.

Atenciosamente,
Teu Velho

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Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.
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