No passado dia 6 de novembro, ocorreu na freguesia do Louro, as 3H noturnas de Vila Nova de Famalicão. Esta prova é realizada pelo grupo Amigos do Pedal, com apoio da Câmara Municipal de Famalicão. Esta prova, para muitos atletas, significa o final de temporada da categoria de BTT, que teve como maior dificuldade o frio sentido pelos ciclistas amadores provenientes de todos os cantos do país ao longo das três horas de competição. A época de ciclismo é geralmente longa, com duas modalidades – BTT e ciclismo de estrada – a começarem em meados de abril. Ênfase especial no ciclismo de estrada, que regressou na máxima força após um ano atípico de 2020.
Este período onde os atletas podem descansar é conhecido na gíria desportiva como uma off-season. Durante esta paragem muitos ciclistas aproveitam para refletir acerca dos resultados obtidos ao longo da época transata, sempre com olhos postos na nova temporada que se avizinha, de modo a atingir melhores resultados possíveis. Épocas tão intensas e longas criam o inevitável burnout psicológico e físico, por isso é que é tão essencial aproveitar estes períodos de carga mais reduzido para relaxar com família e amigos, ir de férias, de modo a poderem desanuviar os pensamentos como aproveitam para relaxar, ir de férias, desanuviar os pensamentos do ciclismo.
Após este período, os atletas entram na frase de preparação propriamente dita. Esta pré-epoca deve ser planeada com qualidade, com enfase sobretudo na melhoria de detalhes específicos que possam melhorar as falhas da época anterior. Neste período, os treinos mais preferidos dos ciclistas são a corrida e o ginásio, mas também aliado a outras atividades desportivas, para “não haver paragem total”, e o ciclista manter-se ativo.
A corrida, por exemplo, ajuda a tornar os ossos mais fortes e resistentes, reforça a respiração e as nossas articulações. Assim como existe a corrida, outra atividade desportiva consiste no Ciclocrosse, uma modalidade praticada essencialmente no inverno (normalmente a época dura entre setembro e fevereiro).
CICLOCROSSE
Neste período, eu como atleta, adoro fazer uma vertente do ciclismo conhecido por Ciclocrosse como meio de aprimorar a minha preparação física para época seguinte. Se não conheces o Ciclocrosse, realizo aqui um pequeno resumo.
O Ciclocrosse (“corta-mato em bicicleta”), ou CX, é uma vertente de inverno do ciclismo. Esta é disputada em circuitos com zonas de terra, lama, areia e estrada, com a exigência técnica e física dos percursos a ser complementada com obstáculos (naturais ou artificiais) que por vezes obrigam os atletas a desmontar e a carregar a bicicleta. Atualmente países como a Bélgica e Países Baixos são as grandes potências da modalidade, que depois de uma longa interrupção, regressou no ano 2010 à atividade em Portugal.
As corridas de Ciclocrosse duram geralmente de trinta minutos a uma hora, dependendo da categoria do participante. Estas provas são realizadas em circuitos muito técnicos e ondulados, de 2,5 a 3,5 quilómetros de perímetro. O Ciclocrosse fornece uma verdadeira educação no ciclismo, dado que solicita uma grande habilidade de manuseamento da bicicleta e um nível físico muito elevado, por parte do praticante. Em algumas secções os ciclistas correm a pé, carregando a própria bicicleta às costas. É uma vertente que trouxe grandes atletas à luz da ribalta do ciclismo, como Mathieu van der Poel, Wout van Aert ou o campeão olímpico de XCO, Thomas Pidcock.
O Ciclocrosse em Portugal teve um longo interregno desde os anos 70, situação que mudou em 2011, quando esta categoria voltou sobre a alçada da Federação Portuguesa de Ciclismo, composta com um calendário completo com Taças de Portugal e um Campeonato de Portugal, atraindo diversos atletas de várias modalidades do ciclismo.
Tendo como indicador a categoria de Elites masculinos, em 2011 encontravam-se 9/10 participantes na linha de partida, já na estranha época de 2020/2021, haviam 34 participantes na linha de partida desta categoria, o que indica algum crescimento, ainda assim, não se pode dizer que seja uma modalidade popular no nosso país, comparando a modalidades como BTT e Estrada.
Quantos às bicicletas, estas são muito semelhantes às de estrada, têm guiadores e tamanho de roda iguais, todavia há diferenças relevantes, como o tamanho do pneu, os sapatos utilizados, a relação de pratos e cassetes e no tipo de travão utilizado. As bicicletas e ciclocrosse têm pneus mais grossos, os travões são sempre de disco ou ferradura, mas cada vez mais utiliza-se travões de disco.
Na época de 2021/2022, a Taça de Portugal de Ciclocrosse é composta por 5 provas (Abrantes, Melgaço, Vouzela, Vila de Conde e Águeda), tendo já realizado as duas primeiras, e Campeonato Nacional a ser realizado no dia 9 de janeiro, no Parque Sara Moreira, em Santo Tirso.
Famalicão encontra-se bem representado nesta modalidade, tendo a atleta famalicense Joana Monteiro, da Axpo/FirstBike Team/Vila do Conde como líder da Taça de Portugal na categoria Elite e entre outros atletas como eu, João José Azevedo, Catarina Lopes, Roberto Lopes, Rodrigo Leal, Joaquim Barbosa e recentemente, Tiago Machado, ciclista da Rádio Popular/Boavista que neste último fim de semana, participou na 1º Superliga de Ciclocrosse, em Vila Boa de Quires, prova organizada pela Associação de Ciclismo do Porto e que já partilhou que é modalidade que adorou e que quer fazer mais. A nível internacional, pode acompanhar a Taça do Mundo e o Campeonato do mundo na Eurosport e na Eurosport Player.
Por isso, quando neste inverno dizeres que não tens nada para fazer ou não tens nada para ver, o meu conselho, é acompanhares a época de Ciclocrosse que se encontra a decorrer, prometo que não vais arrepender desta modalidade que atrai milhares de adeptos em todo mundo. Boas pedaladas, e obrigado pela leitura!
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