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Sexta-feira, 18 Julho 2025
Beatriz Pereira
Beatriz Pereira
Doutorada em psicologia aplicada. É psicóloga da criança e do adolescente, mãe de 3, e tem uma página de Instagram onde fala sobre psicologia e maternidade.

Músicas com conteúdo sexualizado: uma praga com impacto no desenvolvimento infantil

A exposição a este tipo de músicas pode promover um interesse prematuro pela exploração da sexualidade e para o desenvolvimento de uma imagem corporal distorcida.

2 min de leitura
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Beatriz Pereira
Beatriz Pereira
Doutorada em psicologia aplicada. É psicóloga da criança e do adolescente, mãe de 3, e tem uma página de Instagram onde fala sobre psicologia e maternidade.

Famalicão

A infância é um terreno fértil para o desenvolvimento emocional e social do ser humano. Todas as oportunidades de exploração oferecidas à criança, sejam elas positivas ou negativas, serão facilmente absorvidas em prol da criação do seu imaginário. Esse imaginário vai ter impacto na forma como a criança (e futuro adolescente e adulto) pensa, sente, e se comporta em relação a si mesma, aos outros, e em resposta ao mundo que a rodeia.

Atualmente, é frequente a exposição precoce de crianças a músicas com conteúdos sexualizados em contextos e eventos direcionados às mesmas, como festas escolares, festivais infantis, e celebrações públicas. Por exemplo, neste dia da criança, foi possível ouvir este tipo de músicas em creches e infantários, em celebrações municipais, e em espetáculos de dança onde as crianças regamboleavam coreografias com movimentos sensuais. Embora muitas vezes não intencional, importa compreender o impacto destas práticas no desenvolvimento infantil, como forma de consciencializar e promover a mudança.

Sabemos, por exemplo, que a exposição a este tipo de músicas pode promover um interesse prematuro pela exploração da sexualidade numa fase em que a criança ainda não tem maturidade cognitiva e emocional para compreender estas questões; pode contribuir para o desenvolvimento de uma imagem corporal distorcida pelos padrões de imagem que são promovidos neste tipo de músicas, o que acaba por afetar a autoestima da criança; e pode levar à normalização de comportamentos mencionados nas letras destas músicas, deixando a criança mais vulnerável a comportamentos de risco, dificuldades nas relações
interpessoais futuras, e até mesmo a situações de abuso.

Embora se possa argumentar que muitas crianças terão acesso a estas músicas
de qualquer forma, seja porque os pais permitem ou porque algum colega lhes
mostra, não podemos aceitar que sejam os contextos que deveriam promover o
desenvolvimento saudável das crianças a realizar este tipo de práticas. É verdade
que não podemos controlar todos os estímulos a que uma criança tem acesso,
mas temos o dever de garantir que os ambientes direcionados a crianças sejam
protegidos de mensagens não adequadas à sua faixa etária.

Tendo em vista esta preocupação, foi criada a petição pública “Proibição de Músicas com Conteúdo Sexualizado em Contextos e Eventos direcionados a Crianças”, com o objetivo de solicitar à Assembleia da República, ao Ministério da Educação e ao Ministério da Cultura a definição de diretrizes para a definição de critérios claros sobre o que constitui conteúdo inadequado para crianças; a fiscalização e sensibilização junto de instituições, organizadores de eventos e educadores; e a promoção de alternativas culturais e artísticas que respeitem os direitos das crianças e configurem conteúdo educativo.

A petição já conta com mais de 1750 assinaturas, e pode ser assinada ao clicar aqui.

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Beatriz Pereira
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Doutorada em psicologia aplicada. É psicóloga da criança e do adolescente, mãe de 3, e tem uma página de Instagram onde fala sobre psicologia e maternidade.
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