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Vila Nova de Famalicão
Quarta-feira, 24 Abril 2024
José Carvalho
José Carvalho é famalicense, nasceu em 1972, e exerce a profissão Controller de Gestão. Os seus passatempos preferidos são a jardinagem e caminhadas.

Estamos a criar uma sociedade de totós, de uma imaturidade inacreditável?

Temos de promover a participação para mudarmos os comportamentos e prepararmos os nossos filhos para um futuro cheio de desafios.

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O Prof. Carlos Neto esteve esta semana em Famalicão para falar sobre “A Brincar também se constrói uma cidade educadora” numa conferência organizada pelo Município de Vila Nova de Famalicão, em parceria com a Federação Concelhia das Associações de Pais de Famalicão, a Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, CRL (CESPU) e o Centro Formação de Associação de Escolas de Vila Nova de Famalicão.
O Prof. Carlos Neto tem uma visão da educação que divergente do padrão dominante em Portugal. Para ele as crianças devem ser livres para brincar nas árvores, na terra, nas cabanas de madeira feitas pelas suas mãos, devem usar mais o seu corpo, libertar os seus sentidos e as suas mentes dos écrans, num processo educativo mais inclusivo, mais participativo, mais democrático, mais ligada à natureza… a frase que titula este texto é uma adaptação de uma das suas afirmações mais comentadas: «Estamos a criar crianças totós, de uma imaturidade inacreditável».
Há três anos o Prof. Carlos Neto esteve em Famalicão e nessa altura tive a oportunidade de ouvir as suas ideias e estas influenciaram a minha visão sobre a educação. Nessa altura as minhas filhas ainda eram crianças e agora já são adolescentes. Foram três anos difíceis para os nossos putos, três anos em que a pouca liberdade que tinham foi reduzida a quase nada.
Mas o mais frustrante é que nesses três anos os recreios das escolas em nada mudaram, continuam a ser espaços sem graça, sem desafios, sem natureza. A grande maioria das nossas crianças e muitos dos nossos jovens ainda são levados de carro à porta da escola e a participação da comunidade educativa (pais e alunos) na construção da escola é muito frágil e limita-se às reuniões do final de trimestre (sem desconsideração por todos aqueles que nas associações de pais, e não só, tentam ir um pouco mais além).
Foi nesse contexto que no final da conferência o vereador da educação – Augusto Lima, confrontou a plateia com a falta de tempo para a sessão de perguntas. Mas não poupou quem ali estava a um discurso de encerramento longo, sem novidades e recheado de autoelogios.
Depois de 1h30 de apelo ao inconformismo, à participação, ao valor da questão, fui daqueles que se indignou com esta situação. Não tive a coragem de levantar a minha voz, mas houve quem a tivesse e com isso ganhamos a oportunidade de, já no exterior do edifício, conversar com o Prof. Carlos Neto até à 1h (da madrugada): colocamos as nossas questões e falamos sobre os problemas de Famalicão enquanto “cidade educadora”.
Sim, porque de nada serve trazer o Prof. Carlos Neto a Famalicão para dizer que devemos retirar os carros das ruas da cidade e podermos brincar nas calçadas, se o Município incentiva o uso do automóvel na zona escolar com a abertura de mais uma rua de acesso à escola Júlio Brandão. Essa obra vai congestionar ainda mais os acessos à zona escolar do centro da cidade (Camilo Castelo Branco, D. Sancho I, Júlio Brandão e Luís de Camões).
De nada vale criticar a nossa cultura de pais super protetores, dominada pelo medo, e depois colocar câmaras de videovigilância na zona escolar: promovendo a ideia que há mesmo motivos para ter medo e incentivando os pais a ter uma atitude de controlo a tempo inteiro.
Para que serve defender que as crianças devem brincar na rua, quando na Praça 9 Abril (largo da Igreja Matriz Velha) retiraram o corrimão de metal para desincentivar o uso do espaço pelos skaters?
De pouco vale dizer que as crianças devem ir a pé, ou de transportes públicos, para a escola quando os passeios estão cheio de carros mal estacionados, muitas vezes junto ou mesmo sobre as passadeiras, e quanto a oferta de transportes coletivos é o que é – se alguma vez chegou a ser alguma coisa. Para além disso, quem vive na periferia de Famalicão para chegar às zonas escolares terá de atravessar estradas e avenidas, onde os limites de velocidade não são respeitados.
Para que serve encher a boca com a palavra ambiente, quando abatemos centenas de árvores, urbanizamos todo o espaço livre nas freguesias da cidade (até no Parque da Devesa construíram um pavilhão industrial) e forramos as ruas do centro de Famalicão com grandes lajes de granito – deixando apenas pequenas amostras de terra livre onde despontam raquíticas plantas disciplinadas pela tesoura de poda.
O tempo urge. O Verão está a chegar.
Ao contrário da famosa série da HBO o perigo não vem de fora e de nada serve construirmos muros, as alterações climáticas estão aqui e na sua origem estão as nossas ações. Temos de promover a participação para mudarmos os comportamentos e prepararmos os nossos filhos para um futuro cheio de desafios.

 

NOTA DE REDAÇÃO: Carlos Neto é professor Catedrático da Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade de Lisboa (UL) e um dos maiores especialistas mundiais na área da brincadeira e do jogo e da sua importância para as crianças.

 

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