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Quinta-feira, 5 Dezembro 2024
Susana Dias
Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

Cuidar dos cuidadores de doentes com demência

Cerca de metade dos cuidadores de pessoas com demência apresentam níveis de desgaste psicológico, stress, com sintomas de ansiedade e depressão.

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Susana Dias
Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

Famalicão

Estima-se que, em Portugal, existam mais de 160 mil pessoas com demência e 35 milhões em todo o mundo.

Associado ao fenómeno do envelhecimento da população, assistimos ao aumento das doenças crónicas e da dependência nomeadamente as demências: Alzheimer, Vascular, Parkinson, Corpos de Lewy, Frontotemporal, Huntington, Korsakoff, Creutzfeldt-Jacob, entre outras.

A demência carateriza-se por distúrbios em várias funções, incluindo a alterações da memória, deterioração progressiva do funcionamento cognitivo, a orientação, a compreensão, a linguagem, a capacidade de aprendizagem. No próximo dia 21 de setembro assinala-se o Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer, pretende-se sublinhar em termos mundiais a problemática da doença de alzheimer. Esta doença é o tipo de demência mais comum, sendo responsável por 50 a 75% dos casos de pessoas com demência.

Da mesma forma, é consensual a importância de se cuidar de quem cuida na demência. Cerca de metade dos cuidadores de pessoas com demência apresentam níveis de desgaste psicológico, stress, com sintomas de ansiedade e depressão. Os cuidadores com depressão podem sentir falta de interesse e prazer em atividades diárias, perda ou ganho de peso, insónias, falta de energia, falta de confiança, incapacidade de concentração, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio. Ver um familiar, que outrora era um profissional ativo, perder as suas capacidades não é nada fácil.

O cuidar acarreta para quem cuida perda de liberdade, autonomia, envolvimento social, como também a perda do próprio doente. No contexto do Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) da Oldcare Famalicão nas avaliações de diagnóstico, quando as famílias, ainda não têm qualquer suporte formal é recorrente termos testemunhos de cuidadores informais que evidenciam cansaço e desgaste físico e psicológico. Estes cuidadores muitas vezes precisam de ajuda psicológica ou recorrer à terapia. Quanto mais cedo procurarem ajuda profissional, mais fácil é a recuperação. Salientar que os hábitos saudáveis, como a prática de exercício físico e uma alimentação saudável, são um tratamento eficaz para o combate da depressão.

Tendo em conta o impacto que o cuidar exerce sobre os cuidadores é fundamental agir em conformidade com as necessidades sentidas pelos cuidadores, tornando-se necessário ouvi-los para se poder dar respostas adequadas às suas dificuldades, apoiando-os nas suas funções e minimizando os efeitos que o cuidar tem no seu dia-a-dia. É necessário discutir ações futuras e disponibilizar informação e serviços de saúde que sejam capazes de providenciar cuidados integrados e cuidados paliativos, nomeadamente a nível domiciliário.

As instituições que acolhem ou apoiam pessoas com demência têm o desafio de se adaptarem às exigências de uma resposta de qualidade para esta realidade. Mas também é nossa responsabilidade fazer pressão junto dos decisores políticos para a criação de medidas e estruturas de apoio que protejam, quer os doentes, quer os seus familiares cuidadores.

 

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Os artigos de opinião publicados no Notícias de Famalicão são de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não refletem necessariamente a opinião do jornal.

 

 

 

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Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.